Translate

Translate

English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

terça-feira, 3 de julho de 2012

Memorial da Resistência de São Paulo






Construído no início da I Guerra Mundial - 1914 -, o edifício que hoje abriga a Estação Pinacoteca serviria a questões relacionadas ao crescimento econômico e às transformações vivenciadas por uma São Paulo que se urbanizava com rapidez; isto é, seria um armazém para os produtos agrícolas provenientes do interior do Estado.
Com a conclusão da obra, em 1938, o edifício, projetado pelo conceituado arquiteto Ramos de Azevedo, foi colocado à disposição do Poder Público. Era época de ditadura - o Estado Novo de Getúlio Vargas se fazia presente. De um lado, o governo autoritário e centralizador era capaz de promover o desenvolvimento econômico do país, valorizando o nacionalismo com a construção, por exemplo, das indústrias de base. Por outro lado, as oposições eram duramente silenciadas.
Assim, o edifício passou a abrigar o Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS) de São Paulo, órgão de repressão política que atingiu o auge de suas funções a partir do golpe militar de 1964. Com as longas lutas pelas liberdades democráticas, movimentos populares de várias ordens, movimentos operários e estudantis amparados pela Associação Brasileira de Imprensa, Ordem dos Advogados do Brasil e pela Igreja, o regime militar entrou em colapso e o edifício mudou, felizmente, de função. Dada sua relevante importância histórica e arquitetônica, o prédio foi tombado como um bem cultural em 1999 pelo CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo. 

Em 2007, o Memorial da Liberdade, já sob a gestão da Pinacoteca do Estado, recebeu um projeto museológico visando ampliar a ação preservacionista e seu potencial educativo e cultural, por meio da problematização e atualização de distintos caminhos das memórias da resistência e da repressão políticas do Brasil republicano. Nesse aspecto, vale destacar as reiteradas ações de militância junto ao poder público, desde fins de 2006, especialmente do Fórum Permanente de ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, que sensibilizaram a administração estadual para a necessidade de um novo olhar para este lugar.
A implantação do projeto teve início em 1º de maio de 2008, com a mudança do nome para Memorial da Resistência.  No dia 24 de janeiro, o Memorial da Resistência de São Paulo consolida sua implantação, assumindo o compromisso cívico de (re)construção da memória e da história política do Brasil.
Bem na entrada, algumas publicações acerca de importância do assunto para o estudioso do tema. Aliás, o assunto deveria ser de interesse nacional sempre, jamais esquecido, sempre mencionado, discutido e contestado. Um material muito bem elaborado e ricamente ilustrado intitulado "A Ditadura no Brasil - 1964-1985 - Direito à memória e à verdade!", incontestavelmente uma obra de alto gabarito, com precisão histórica, elaborada com o intuito de provocar uma pesquisa ainda mais abrangente e, além disso, provocar a forte indignação que a negação do ser em benefício do estado forte impõe. Não se pode esquecer daqueles fatos e tragédias, do sangue que tingiu almas e deixou famílias sem norte e, muitas vezes, sem sonho.
Confesso que entrar no Memorial da Resistência representa uma possibilidade ímpar de se revisitar o passado com os olhos no presente. Mas uma visita não com o olhar de um cientista, historiador ou pensador, mas com um olhar essencialmente humano, acreditando que devemos agradecer sincera e honestamente a todos aqueles que lutaram pela construção de uma democracia que, mesmo frágil, repleta de problemas, defeitos e senões, é um ensaio de participação popular, de construção de um tempo que pode ser mais digno e fértil no campo das possibilidades de viver.


Um comentário:

  1. Todos deveriam conhecer,dessa forma entenderiam que política não é uma troca de favores e sim a representação dos nossos direitos, direitos que hoje temos e foram obtidos através de muitas mortes no passado.Sei disso muito bem, peguei a ultima fase 1985,onde os estudantes da minha época realmente tinha um ideal político, não era mídia,lutavamos por uma igualdade social, direito a vida, em outras palavras a tão "sonhada Democracia",que hoje está ai e ninguém sabe o que fazer com ela!!

    ResponderExcluir